Você também pode montar um amplificador. Muito fácil.

Durante a década de 80 o mercado brasileiro era fechado às importações. Então somente era possível construir equipamentos baseados em componentes eletrônicos presentes em nosso mercado. Umas poucas empresas fabricantes de equipamentos voltados para a música dominavam a cena. Dominavam o mercado por não terem outros concorrentes estrangeiros.

Os amplificadores quando necessitavam de uma potência maior buscavam em suas saídas gerar esse resultado através de circuitos push-pull. A maior parte transistorizada. É claro que já começavam a aparecer alguns integrados voltados para o áudio como os famosos TDA. Porém os TDA da época geravam poucos Watts de potência em sua grande maioria. Era a época do TDA2002, por exemplo, com seus cerca de 10 Watts de saída RMS.

Mas voltando aos push-pull… . Push-pull significa, empurra e puxa. É o movimento do alto-falante no seu vai e vêm representado por uma divisão entre 2 diferentes tipos de transistores. Cada transistor na saída trabalha com um tipo de sinal. Um conduz o sinal em um sentido e o outro no sentido contrário. Também denominado amplificação Classe B. Tem como uma das características atingir potências maiores que o Classe A, pois no Classe B cada transistor opera enquanto o outro par não está operando. Dessa forma dividem o sinal que será amplificado entre eles e conseguindo assim maior potência de saída. Isso não acontece no Classe A, já que o transistor amplifica toda a onda e conduz durante todo o período.

Esses circuitos dominavam grande parte dos amplificadores. Lembro que meu pai me deu de presente uma caixa amplificadora. Era o meu sonho. Poder ligar meu violão em uma caixa dessas e amplificar o sinal a altos volumes. eheheheheh. Bom nem tão alto assim, já que o circuito tinha em sua saída somente 1 transistor TIP 31 e um TIP 32. Veja que um deles é do tipo NPN e o outro PNP, ou seja, complementares. Isso conforme dito é necessário para o funcionamento do amplificador Classe B.

O pré-amplificador era formado por 2 transistores de pequena potência como o BC 549. O alto falante era de dimensões até grandes, tinha 10″ (polegadas). A caixa era feita de aglomerado e o tecido ortofônico era bem fininho tipo uma meia calça de cor preta. O amplificador tinha um controle de volume e um controle de tonalidade. Tinha um cabo que nem era blindado, onde no extremo tinha um plugue macho P2. Esse cabo tinha uns 3 metros de comprimento. Esse plugue podia ser usado para ligar na saída de um rádio, por exemplo, e ouvir rádio em um volume bem alto.

Eu morava em Vila Isabel e era bem de frente para as torres do Sumaré. No Sumaré é onde se localizam torres de transmissão e repetidoras de sinais de rádio e televisão. Devido à essa grande proximidade com o Sumaré e ao fato do fio de 3 metros com plugue P2 não ser blindado dava para ouvir rádio sem ter rádio. Como assim? Simples. Por morar em um local onde o sinal de rádio era muito forte, quando o amplificador estava ligado no volume máximo e com o quarto em silêncio total, bem lá no fundo dava para se ouvir um sobreposição de rádios. Era algo muito baixinho por conta da potência de saída do amplificador. Mas algo muito bizarro. Um cabo blindado resolveria o problema.

A caixa toda tinha cerca de 60 centímetros de altura. Ah, para comutar entre a entrada de áudio pelo plugue P2 macho e o P10 fêmea do painel era feito através de uma chave rotativa.

Para reviver o estilo desse amplificador resolvi montar um push-pull – Classe B ao estilo da década de 80. O circuito integrado TDA2003 é muito simples de ser utilizado para a montagem de pequenos amplificadores. Basta ele e mais alguns poucos componentes externos e pronto, tá lá saindo som. Ele foi muito usado em aplicações automotivas, assim como seu primo o TDA2002.
Ele possui um corpo de estrutura que lembra um transistor de média potência como um TIP31, por exemplo. Dessa forma, ele tem o furo característico para a passagem do parafuso que prende o dissipador de calor. Isso porque ele esquenta bem quando em uso e o dissipador de calor para ele é essencial.
Existe até uma forma de conseguir mais potência com alguns circuitos integrados, como o TDA2003, que é a ligação em bridge ou ponte.

Nessa montagem são utilizados 2 circuitos integrados trabalhando em conjunto. A saída de um liga em um polo do falante e a saída do outro C.I. liga no outro polo.
Porém no vídeo abaixo eu fiz a montagem tradicional com o uso do TDA2003. Se você deseja mais circuitos, diagramas envolvendo o uso desse C.I., faça uma busca na web por “datasheet TDA2003″. Você vai achar o documento desse C.I. de vários fabricantes e encontrar circuitos assim como dados importantes de limites de tensão e potência de saída, por exemplo.
O ideal é montar o circuito em uma PCI, mas por ter terminais longos, com jeitinho até é possível fazer o uso de uma ponte de terminais.

Basta soldar 5 fios no C.I. e levar esses fios até a ponte de terminais.
Bom é isso. Assiste o vídeo e veja o desfecho.

 

Meu nome é Alex Baroni. Sou músico e professor do curso de eletrônica para áudio – Curso Baroni.

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